
Não faz tanto tempo em que se acreditava na ideia de o "verdadeiro cristão" não poder usufruir de certos bens culturais, tais como teatro, televisão, música secular e outros atrativos.
Atualmente, muitos desses mitos foram quebrados, possibilitando ao público evangélico sair do isolamento cultural e conhecer melhor o mundo na esfera midiática. Aqueles anos em que algumas igrejas proibia seus membros de frequentar cinema, teatro e possuir um aparelho de televisão parecem ter ficados num passado distante, se eu não estiver enganado.
Hoje é notória a liberdade de assistir determinados filmes que nem são considerados cristãos ou evangélicos, como queiram dizer. Se houver alguma apresentação teatral nenhum membro de igreja se furtará a esse momento de prazer, desde que a peça seja interessante e não conflite com suas convicções.
Aparentemente, tudo parece está superado. Será mesmo que está? Pelas respostas que alguns insistem em fundamentar, tais como: "tudo deve ser feito para a edificação", "todas as coisas são lícitas mas nem tudo convém", "não edifica espiritualmente", "não glorifica a Deus", podemos perceber que na cabeça de alguns evangélicos isso não foi superado. Engraçado que esses argumentos são usados apenas na música e não em outras formas de expressão artística. O que será que há na música de tão sobrenatural a ponto de limitarem seu uso somente na esfera eclesiástica?
Eu entendo isso como uma espécie de superstição. É um zelo esquisito ao confundir música com louvo, e louvor com adoração. O máximo que conseguem é arrumar alguns subterfúgios rasos que não tem sustentação na Bíblia.
Se música secular é pecado filme secular também é. Se música secular não glorifica a Deus fazer caminhada como exercício também não. Se música secular não edifica espiritualmente video game também não.
Eis a contradição daqueles que caíram nesse legalismo que nem na Bíblia encontra argumentos sólidos. Não passa de uma lei criada pela má interpretação das escrituras sagradas.
Há músicas que realmente não convém a um Cristão, não porque em si mesmas são seculares mas porque há princípios que são contrários à vida cristã, como a incitação ao erotismo, a uma vida hedonista em todos os sentidos, etc. Então não há pecado em ouvir músicas de Ludvig Van Beethoven, mas haverá pecado se alguém sentir prazer em músicas cujo contexto e mensagens sejam contrários aos propósitos de Deus. Não é pecado, por exemplo, assistir um documentário sobre o sistema solar, mas assistir Big Brother é pecado pelo seu próprio conteúdo.
Se o problema for a possibilidade de escandalizar algum irmão entendo que está na hora de os líderes mais maduros na fé desmistificarem isso, ensinando nos limites das escrituras a fazer diferença daquilo que é ou não prejudicial à vida cristã.
A paz de Cristo a todos.